EPTC teria excluído multas de empresas de ônibus na Capital
Denúncia foi feita pelo Sindicato dos Agentes de Fiscalização de Trânsito
A morte de duas ciclistas nessa quinta-feira, por atropelamento de ônibus, despontou apenas a ponta de um iceberg da rotina de imprudência na qual está mergulhado o sistema de transporte público de Porto Alegre. A exclusão de infrações por excesso de velocidade em corredores de ônibus do sistema da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) foi denunciado ontem pelo Sindicato dos Agentes de Fiscalização de Trânsito (Sintran). Em apenas uma tarde, no dia 18 de abril do ano passado, 30 infrações por excesso de velocidade teriam sido excluídas por orientação de diretores da EPTC. O pedido de anulação foi feito por e-mail. “A operação foi realizada para fins de teste”, dizia a justificativa.
No dia 16 de julho de 2013, motivado pelo crescente número de atropelamentos com morte - nove vítimas em sete meses -, o Sintran pediu explicações à EPTC sobre os autos de infração não efetivados. No dia 26 do mesmo mês, ofício assinado pelo diretor administrativo-financeiro da EPTC, Pedro Luís Moreira, respondeu que a operação “era em caráter de teste, como já ocorreram outras vezes”. A velocidade nos corredores de ônibus da Capital não pode exceder os 30 km/h. Acima dos 60 km/h, a carteira de habilitação do motorista é suspensa - e o servidor acaba sendo demitido da concessionária. O vice-presidente do Sintran, Pablo Fernandes, acusa como comum a prática de deletar infrações de ônibus do sistema da EPTC. “Eles deletam toda e qualquer infração de excesso de velocidade. Não tenho como provar que aconteceu outras vezes”, conta. Segundo Fernandes, se os veículos que mataram as duas ciclistas ontem estivessem a 30 km/h, os acidentes não teriam sido fatais. “O número de multas é inversamente proporcional ao número de acidentes”, aponta. A EPTC informa que, nos últimos três anos, mais de 7 mil multas foram aplicadas às empresas de ônibus - 541 por excesso de velocidade em corredores, só em 2013. Os valores das multas variam de R$ 127,69 (infração média) a R$ 574,62 (gravíssima). Sobre as 30 infrações observadas em 18 de abril de 2013, o presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, disse que naquele dia estava sendo desenvolvido um estudo técnico. “Antes de implantar redutores de velocidade no corredor fazemos um estudo na área”, justificou. A divulgação dos documentos pelo Sintran ontem foi encarada por Cappellari como uma tentativa de se aproveitar do momento. “É uma sem-vergonhice do sindicato dos agentes”, disse. Fonte: Correio do Povo |
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