domingo, 6 de fevereiro de 2011

Permissão para morrer...

Nesta semana, foi noticiado que as seguradoras pagaram 60% dos prêmios de seguro, para acidentes envolvendo motocicletas.
Quando em sala de aula, debatia com com os alunos, que o atual processo de habilitação para condutores de duas rodas, está fadado à cada vez mais aumentar o número de vítimas envolvendo motociclistas. Costumava dizer que os candidatos saiam ao final com uma "Permissão para Morrer". Fatalista? Exagerado? Talvez, mas a cada ano temos um acréscimo de 40% no número de mortos, provocados por acidentes que envolvem motos e similares.
O que podemos fazer então? E quando digo nós, refiro-me a toda sociedade responsável por este morticínio. Senão vejamos:
Se você algum dia pediu pressa para entregar um remédio, pizza ou qualquer outro produto ou serviço, indiretamente está ou já contribui para aumentar esta estatística macabra. Nosso modelo de imediatismo, nos faz viver em um turbilhão de desrespeito para com o outro, colocando egoísticamente nossos "valores materiais" acima da vida. Vida essa que só lembramos quando o infortúnio ocorre aos nossos.
É importante também, que nós educadores e formadores, devemos quebrar este paradigma, buscando soluções concretas e imediatas. De que forma um condutor poderá sair para o trânsito, se as 15 ou 20 aulas práticas obrigatórias hoje para o processo de habilitação esteja restrito à uma pista fechada? O máximo que o candidato consegue é treinar equilíbrio. Pior, alguns vão para as aulas APRENDER a se equilibrar!
Em 2004, numa reunião com então diretor técnico do Detran-RS, João Batista Hoffmeister, sugerimos que fosse aplicadas aulas de trânsito para os candidatos, modificando a res. 50/98, já que esta não permitia aulas fora de local fechado, DIFERENTE do que rege a atual legislação. Além de remeter que a legislação da época não permitia, argumentou o diretor que não havia como preservar a segurança de aluno, instrutor e demais participantes do trânsito, com um aprendiz conduzindo o veículo. Contra argumentei com a possibilidade dessas aulas ocorrerem em triciclos com carenagem, chamados de "motocar", preservando as aulas em circuito fechado para aperfeiçoamento de equilíbrio. Como resposta, foi dito que não havia recursos  necessários para aquisição destes veículos. Pergunta: quanto custa um motociclista morto ou inválido?
A atual legislação prevê as aulas no trânsito, no entanto o nosso estado não cumpre. Até quando seremos cúmplices desta situação que nos envergonha e mancha com sangue nossas ruas?
Dê sua opinião!
Até a próxima.

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