Reunidos durante a tarde desta sexta-feira (11) no auditório do novo Foro Central de Porto Alegre, cerca de 250 psicólogos peritos examinadores de trânsito credenciados ao Detran/RS discutiram a técnica e os problemas da avaliação psicológica para habilitação de condutores. A II Jornada de Avaliação Psicológica buscou instrumentalizar os profissionais para fazer uma melhor avaliação dos condutores e contribuir para um trânsito mais seguro.
Na programação, além dos limites da técnica na avaliação psicológica (tempo reduzido, carência de pesquisas específicas, limitação dos instrumentos, dificuldades de prever comportamentos em longo prazo e atribuição de resultados), foram discutidas aspectos éticos da profissão, os problemas relacionados a devolução do resultado ao candidato e dificuldades práticas do dia a dia.
Na abertura, o diretor-geral Ildo Mário Szinvelski mostrou-se ciente das dificuldades encontradas pelos profissionais, especialmente no que se refere a condições de trabalho e remuneração. “Estamos adotando uma série de medidas tecnológicas, como o prontuário eletrônico, que vai trazer melhorias para o trabalho dos peritos. A questão da remuneração também já está sendo revista. Além disso, vamos insistir na aproximação do corpo técnico do Detran/RS e debater à exaustão para aperfeiçoar a avaliação psicológica. Se tivermos que mudar a legislação, somos parceiros para isso.”
Szinvelski também falou da responsabilidade de cada um na solução dos problemas do trânsito. “Se conseguimos reduzir a acidentalidade em 15% este ano é porque tem uma série de ações que estão sendo tomadas em várias frentes – educação, habilitação, fiscalização, punição - e a atuação dos psicólogos também faz parte desse quadro. Isso sim é responsabilidade compartilhada”.
A primeira mesa introduziu o tema Os limites da técnica na avaliação psicológica para fins de habilitação, com as psicólogas peritas Adriana Sylla Pereira Santos e Andrea da Silva Duarte, e coordenação de Paulo Santos Filhos, coordenador da área Psicológica e Médica do Detran/RS. Ambas as palestrantes levantaram o questionamento da avaliação psicológica ser feita somente uma vez na vida (caso de condutores que não exercem atividade profissional), diferentemente do exame médico, que é realizado a cada cinco anos. “Não acredito que os acidentes de trânsito são resultado de uma avaliação mal feita, mas talvez falte uma reavaliação desse motorista ao longo da vida. O candidato é avaliado aos 18 anos e espera-se que a condição dele não mude ao longo da vida.”, ponderou Adriana.
Em seguida, o psicólogo Lucio Fernando Garcia, integrante da Comissão de Mobilidade e Trânsito do Conselho Federal de Psicologia e representante da Câmara Temática de Saúde e Meio Ambiente no Trânsito do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) participou da mesa Discutindo a prática da Avaliação Psicológica para fins de habilitação, com a psicóloga perita Marta Novelo e coordenação da psicóloga e servidora da Coordenadoria Psicológica e Médica do Detran/RS, Cristina Wolski.
Para Marta Novelo, é importante diferenciar a testagem (que “mede” um atributo) da avaliação (que responde a uma questão e leva a uma decisão). “No nosso caso, precisamos responder se a pessoa que se encontra à nossa frente pode dirigir com segurança. Para isso, escolhemos os testes adequados, usamos de neutralidade e consideramos fatores externos. Tudo para que possamos de fato contribuir para a sociedade”.
Garcia trouxe várias provocações, questionando sobre as expectativas da sociedade em relação à avaliação psicológica, o que os testes de fato medem e que complexidades são envolvidas no processo. “A solução para a acidentalidade no trânsito não está somente na avaliação psicológica, pois mais correta que esta seja, e sim na cidadania. O psicólogo pode e deve ser orientativo e esse trabalho, se bem feito, será ético”.
O evento também contou com a participação das representantes do Sindicato dos Psicólogos no RS (Sipergs), Danielle Moraes, e da Associação Brasileira de Psicologia do Trânsito (Abrapsit/RS), Patrícia Sandri. No encerramento, a Diretora Técnica substituta, Zulmira Terres, reforçou o pertencimento dos psicólogos ao Detran/RS, enquanto credenciados, solicitando sua participação cada vez maior para o aperfeiçoamento do processo de habilitação como um todo e, consequentemente, da segurança no trânsito.
A primeira Jornada aconteceu em setembro do ano passado e reuniu 450 psicólogos no Hotel Ritter, em Porto Alegre. O debate na ocasião foi centrado nos efeitos das drogas e transtornos psicológicos no trânsito. A intenção do Detran/RS é realizar o evento anualmente.
Fonte: Detran/R
S
S
Nenhum comentário:
Postar um comentário