Detran pretende ampliar Operação Balada Segura a 12 municípios gaúchos
Presidente do órgão diz que negociações já estão encaminhadas para colocar blitze em prática
O percentual dos condutores submetidos ao bafômetro que acabaram autuados por embriaguez na Capital despencou 45% nos últimos seis meses, período em que as blitze foram reforçadas.
MURAL: operação Balada Segura mudou seus hábitos como motorista? Conte-nos como
A extensão da iniciativa ao município vizinho de Porto Alegre, em parceria com Brigada Militar e vários órgãos da prefeitura, deverá ser seguida por meio de convênios assinados com outras cidades.
— Já temos negociações encaminhadas com prefeituras como as de Alegrete, Ijuí e Rio Grande. Esperamos terminar 2012 com a Balada Segura presente em 12 a 15 municípios do Estado — afirma o diretor-presidente do Detran, Alessandro Barcellos.
A entidade pretende ainda realizar uma pesquisa este ano para identificar a mudança de comportamento dos condutores na Capital. Além das barreiras antiálcool, também vêm sendo realizadas ações educativas.
Em vídeo, assista à participação especial do Guri de Uruguaiana no ônibus C4-Balada Segura:
— Procuramos não falar de maneira a dar uma lição de moral, mas mais tranquila. São voluntários jovens falando a outros jovens. É para ser uma conversa descontraída, focando na valorização da vida como bem maior — explica Fernanda.
Barcellos considera bastante positivos os resultados do primeiro ano da Balada Segura, divulgados na manhã de quinta-feira, e agora espera multiplicá-los em outras cidades:
— A queda na proporção de condutores autuados por embriaguez é a adaptação da sociedade à presença do poder público nas ruas.
"As pessoas se planejam para sair"
À frente da operação para coibir a combinação álcool-volante na Capital, o diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, observa uma “mudança clara” no compartamento de quem vai para a balada . Leia trechos da entrevista a ZH:
Zero Hora — Os agentes da EPTC têm notado mudança no comportamento de quem sai à noite?
Vanderlei Cappellari — Com certeza. Uma das coisas muito aparentes é o resultado da operação. Uma redução de quase 40% dos acidentes entre 22h e 6h, o que demonstra uma mudança nesse período, que concentra o maior número de óbitos no trânsito da Capital. É um resultado excepcional. E também a questão do planejamento do próprio cidadão, antes de ir aos locais das festas.
ZH — O que as pessoas têm feito?
Cappellari — As pessoas, ao saírem de casa para uma reunião social, a uma festa, ou para ir a bares, restaurantes ou casas noturnas, planejam-se antes. Se vão beber, alguém que vai conduzir não vai beber. Ou vão com carona, transporte coletivo. Há uma mudança clara no comportamento dos frequentadores da noite de Porto Alegre.
ZH — As pessoas foram reticentes a essa mudança?
Cappellari — Como qualquer mudança, não é de pronto. Quando passou a ser autuado aquele condutor que se negasse a soprar o bafômetro, houve mudança de comportamento.
"O álcool reforça a onipotência"
Ao ressaltar que um dos desafios do país é tornar o trânsito mais civilizado, o psicanalista Mário Corso afirma ser favorável ao reforço na fiscalização dos boêmios que se arriscam na direção. Leia trechos da entrevista concedida a ZH:
Zero Hora — O que leva alguém a dirigir embriagado?
Mário Corso — Onipotência. O álcool reforça a onipotência. A maneira de pensar do jovem é achar que as coisas não vão dar em nada, aquele otimismo meio bobo de quem não levou nenhuma rasteira da vida. O álcool é um depressor das funções cerebrais. Tu achas que está em uma condição melhor, que estás perfeito para dirigir. Não sentes lentidão do reflexo.
ZH — As pessoas só se conscientizam com ameaças de punição?
Corso — Tem algumas pessoas que sim. Todo mundo fala que falta educação para o trânsito. Na verdade, a educação produz um efeito, mas no sentido amplo. Quando começa a pesar no órgão mais sensível do corpo humano, que é o bolso, as pessoas entendem. Todo mundo é condescendente com quem dirige bêbado, mas quando ocorre um acidente, todos gritam grosso com o amigo. É uma hipocrisia.
ZH — Por que é difícil as pessoas se conscientizarem?
Corso — Porque a tragédia da experiência humana é que ela é intransmissível. As pessoas só aprendem vivendo, têm de viver alguma punição, algum risco, para aprender.
Fonte: Zero Hora
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