sexta-feira, 20 de julho de 2012


Congresso de Trânsito apresenta experiências que salvam vidas
O terceiro e último dia do Congresso Internacional de Trânsito, promovido pelo Detran/RS, foi aberto pelo relato das experiências dos municípios de Palmas (Tocantins) e Teresina (Piauí) para diminuir os índices de acidentes de Trânsito. A presidente da Comissão Projeto Vida no Trânsito, Marta Maria Malheiros Alves, e o coordenador da Subcomissão de Gestão e Análise de Dados, Magnus Matos, relataram como o município de Palmas elegeu as parcerias e a informação como armas principais contra a violência no trânsito.

Essas medidas já resultaram em avanços como a redução de 19,3% de feridos graves e mortos, a redução de 9,12% das vítimas não fatais, e de 14,39% no número de acidentes. "Nós estamos iniciando esse processo. O que está claro é que a redução de acidentes graves e fatais será resultado de um esforço coletivo. Nenhum órgão isolado terá êxito nesta luta", disse Marta Alves.

O superintendente Municipal de Transportes e Trânsito de Teresina, Audea Lima, contou como o município aderiu ao Projeto Vida no Trânsito em função do elevado número de acidentes. O município optou pela criação de uma comissão intersetorial e também apostou nas parcerias com outras instituições.

Ela apresentou a Operação Salva Vidas como exemplo de uma ação integrada de várias instituições que já trouxe resultados positivos. No período de um ano, as vítimas fatais em acidentes de trânsito caíram de 225 para 161, uma redução de 30%, que ficou muito acima da meta. "O que é mais importante é que salvamos 69 vidas", comemorou. "Esse exemplo mostra a importância das parcerias. Neste caso específico, um mais um é mais que dois".

A experiência francesa
Após o relato sobre as experiências de Palmas e Teresina foi a vez do francês Joël Valmain, conselheiro técnico para questões internacionais da Delegação Interministerial pela Segurança Viária da França, falar sobre a segurança viária em seu país e seus desdobramentos internacionais. Em 40 anos, o número de mortes nas ruas e estradas francesas caiu mais de quatro vezes: de cerca de 18 mil em 1972, para menos de 4 mil atualmente. Isso a despeito do aumento em três vezes da frota daquele país.

Em 1972, foi criada a Delegação Interministerial pela Segurança Viária, com o objetivo reduzir o número de acidentes e mortes no trânsito. A experiência bem-sucedida nessas quatro décadas, segundo Valmain, foi obtida graças a uma série de medidas, como a obrigação do uso de cinto de segurança e de capacete, a realização de testes de alcoolemia e o controle de velocidade.

Após a exposição de Valmain, foi a vez da palestra de Émilie Vasquez, do setor de Negócios Internacionais do Civipol, conselho pertencente ao Ministério do Interior da França dedicado à exportação do conhecimento francês nas áreas de polícia, fiscalização e segurança civil. Ela explicou como funciona a transmissão da experiência do país em matéria de segurança viária e policiamento a outras nações de diversos continentes.

Ela destacou um trabalho de modernização da polícia de trânsito em Beirute, no Líbano. Antes da conferência, o Detran/RS e o governo francês assinaram um memorando de cooperação que garantirá a troca de informações e projetos voltados à segurança viária.

As soluções de Curitiba
No início da tarde, o diretor de Educação da Secretaria Municipal de Trânsito, de Curitiba, Celso Mariano, apresentou as ações desenvolvidas na capital paranaense, dentro do projeto Vida no Trânsito. Contando com o envolvimento de várias secretarias e órgãos municipais, a estratégia curitibana baseia-se em três eixos.

O aprimoramento e a integração das informações, o desenvolvimento de ações de prevenção tendo como base dados confiáveis, e a integração intersetorial no combate às mortes e lesões nas vias públicas. "As soluções são relativamente simples, mas nem tudo que é simples é fácil", diz Mariano.

A média de mortes por 100 mil habitantes em 30 dias caiu de 18,7 em 2010 para 17,5 no ano passado, abaixo da média estabelecida. A média de mortes e ferimentos graves por 10 mil veículos em 30 dias, que era de 15,2 em 2010, passou para 14,5 no ano passado. O que mostra, para o diretor de Educação da Setran, que ainda há muito por fazer.

Acidentes com motocicletas: o desafio de São Paulo
Em São Paulo, o maior desafio das autoridades é com os acidentes envolvendo moticicletas. "Tudo o que a gente consegue avançar em relação a outros envolvidos no trânsito estamos perdendo com os motociclistas", disse A chefe da Assessoria da Superintendência de Segurança de Trânsito da Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET-SP), Heloísa Helena de Mello Martins.

Entre as causas mais comuns de acidentes fatais com motos, segundo perícia realizada na CET e citada pela especialista, estão a condução entre os veículos de quatro rodas, o excesso de velocidade e o desrespeito ao sinal vermelho. Esses fatores respondem por 69% do total das causas. Entre as iniciativas da CET que vêm dando certo, Heloísa destacou a fiscalização da infração das velocidades-limites por parte dos motociclistas e a proibição da circulação de veículos de duas rodas na pista expressa da Marginal Tietê.

Uma avaliação do projeto Vida no Trânsito
A construção de bancos de dados confiáveis e o aperfeiçoamento da análise sobre os fatores de risco em acidentes de trânsito são os principais desafios para o projeto "Vida no Trânsito", em implantação inicial em cinco capitais brasileiras. A avaliação é da economista Tanara Sousa, que coordena uma equipe de pesquisadores que acompanham a implantação do projeto em Palmas e Teresina.

Para a pesquisadora, o detalhamento sobre os fatores de risco, principalmente aqueles relacionados ao consumo de álcool e à velocidade, vão permitir o direcionamento eficaz das políticas públicas. Em sua conferência, Tanara afirmou que uma das maiores dificuldades para a implementação de políticas públicas de combate à violência no trânsito é a falta de dados confiáveis e aprofundados quanto aos principais fatores de risco para a ocorrência de acidentes.

Escalado como debatedor da conferência, o deputado federal Henrique Fontana (PT-RS), vice-presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro da Câmara Federal, defendeu a proibição da publicidade de bebidas alcoólicas nos grandes meios de comunicação, assim como aconteceu com o cigarro no Brasil. "Não há justificativa para nós, que queremos criar uma outra cultura, aceitarmos que as novas gerações sejam submetidas a uma propaganda que, além de naturalizar o consumo de bebida alcoólica, ainda incentiva e liga o consumo a questões positivas e de sucesso", criticou o deputado.

Espírito Santo aposta em programa multidisciplinar O Secretário Estadual de Transportes e Obras Públicas do Espírito Santo,Fábio Damasceno, trouxe ao Congresso Internacional de Trânsito a experiência do estado no combate aos acidentes, mortes e lesões em ruas e estradas. O titular da pasta apresentou, na tarde dessa quinta-feira (19), o projeto Juntos pela Vida, implantado em novembro de 2011, na Grande Vitória, responsável por 95% dos casos no estado. "Depois da implantação da lei seca, quando o número de acidentes caiu, os casos voltaram a crescer e em 2011 o governo do estado sentiu que a situação estava saindo do controle", explicou o secretário.

"Conte a verdade, mostre a realidade"
A executiva-chefe da Transport and Acident Comission (TAC), Janet Dore, encerrou o Congresso Internacional de Trânsito com uma conferência sobre as ações do órgão do estado de Victoria, na Austrália, na redução de acidentes, mortes e lesões no trânsito. Apresentou diversos dos mundialmente famosos comerciais da TAC, conhecidos pelas imagens impactantes e as mensagens diretas que atacam as causas mais comuns das ocorrências nas ruas e estradas de todo o mundo.

Perguntada sobre o porque dos vídeos serem tão fortes, Janet aproveitou para dar um recado aos mais diversos agentes de trânsitos e governos: "É preciso ter coragem. Quando a TAC mostrou seu primeiro comercial, em 1989, eram registradas quase 800 mortes no trânsito em Victoria, um estado pequeno do país, com menos de 6 milhões de habitantes. Em 2011, esse número havia caído para 278".

Fonte: Detran/RS
Publicada em 20/07/2012, às 14h02min

Nenhum comentário:

Postar um comentário