Cultura da bicicleta é debatida na Capital
Até domingo, Porto Alegre sedia fórum internacional para discutir a bike como meio de transporte
Taís Seibt
Mais do que construir ciclovias, é preciso formar uma cultura para pedalar com segurança no espaço urbano. Este é o tom do painel de abertura do Fórum Mundial da Bicicleta, que promove sua segunda edição entre esta quinta-feira e domingo, na Capital.
Com programação centralizada na Casa de Cultura Mário Quintana, o evento reúne especialistas e cicloativistas de todo o país e do Exterior em painéis, oficinas, bicicletadas e atividades culturais gratuitas e abertas ao público.
Os temas vão desde a prática de esportes, como mountain bike, até o desenvolvimento de rotas cicloturísticas, passando por dicas de segurança, mecânica e primeiros socorros para ciclistas. A ideia é tratar do aspecto comportamental que envolve o uso da bicicleta.
— Fala-se muito da implantação de novas ciclovias, mas não se discute como a cidade está preparando a população para receber isso — comenta a diretora do Centro de Educação Ambiental da prefeitura do Rio de Janeiro, Danielle Simas, uma das convidadas para o painel de abertura Cidades Amigas da Bicicleta, nesta quinta, às 20h.
No mesmo ato, a cicloativista americana Caroline Samponaro falará como Nova York superou o "carrocentrismo", e Laura Marcela Acuña Santamaría, subdiretora de Política e Fomento de Culturas Recreativas e Esportivas de Bogotá, apresentará a experiência das ciclovias colombianas.
O mediador do debate será Thiago Benicchio, presidente da Ciclocidade, associação de ciclistas urbanos de São Paulo. Ele salienta que o intercâmbio promovido pelo encontro deve servir não para buscar modelos, mas como inspiração para as cidades brasileiras.
— Não é simplesmente transportar a experiência de Nova York, Amsterdã ou Paris para cá que vai dar certo. É preciso criar experiências nacionais — sugere.
O Fórum Mundial da Bicicleta é organizado por um grupo de voluntários articulado em 2012, quando se completou um ano do atropelamento de ciclistas da Massa Crítica na Capital, para promover o debate de alternativas cicloviárias para transporte e lazer. Um dos pontos altos, portanto, é quando o papo dá lugar a pedaladas.
Um bicicletaço parte sexta-feira, às 19h, do Largo Zumbi dos Palmares. Em seguida, um piquenique em local ainda indefinido entre o Parque da Redenção e a Ponte dos Açorianos promoverá a confraternização dos participantes, com atrações musicais como o grupo Apanhador Só e uma roda de chorinho.
— Além de dar visibilidade ao evento, será uma oportunidade para quem se sente inseguro de pedalar poder fazer um passeio coletivo e se adaptar ao uso desse meio de transporte na cidade — comenta Isadora Lescano, uma das voluntárias da organização do evento.
Para participar da programação, não é preciso se inscrever previamente. Algumas atividades têm vagas limitadas, que serão preenchidas por ordem de chegada.
Programe-se
2º Fórum Mundial da Bicicleta
De quinta-feira a domingo
Na Casa de Cultura Mário Quintana, a partir das 14h
Inscrições gratuitas, por ordem de chegada
Programação em www.forummundialdabici.com
Cinco iniciativas legais
O Fórum Mundial da Bicicleta apresenta discussões e oficinas para ampliar a cultura do uso da bike tanto nos deslocamentos cotidianos como nas horas de lazer:
1. Transporte coletivo adaptado
Instalação de bicicletários em terminais de ônibus, estações de metrô e prédios públicos, com uso conjugado do transporte coletivo adaptado com suportes para carregar bicicletas, conhecidos como Bike Bus. Discussão contemplada no painel de abertura.
2. Cicloturismo
Quem tem insegurança para começar a pedalar no trânsito pode começar a criar afinidade com a bike nos dias de folga. O desenvolvimento de rotas turísticas a bordo de bicicletas será tema de oficina no sábado, às 9h, sobre cicloturismo nas serras gaúcha e catarinense.
3. Treino para iniciantes
Todas as quintas-feiras, monitores voluntários do grupo Pedala Manaus passam dicas de mecânica, uso adequado de marchas, manutenção, equipamentos de segurança e regras de trânsito, além de fazerem um percurso guiado com ciclistas iniciantes. Os coordenadores do grupo falam sobre o projeto amanhã, às 9h.
4. Bicicleta na infância
A melhor forma de educar a população para o ciclismo é incentivar a prática desde criança e com os pais dando o exemplo. No sábado, às 9h30min, Alexandre Brum vai ensinar pais e filhos a pedalarem com segurança nas ruas.
5. Prática de esportes
Para além da utilidade como meio de transporte e do prazer como forma de lazer, andar de bicicleta é uma atividade física. Hoje, às 14h, Emerson Chassot oferece uma oficina para trocar informações sobre o atual cenário da prática de mountain bike na zona sul de Porto Alegre.
Fonte: Zero Hora
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