Conselho Nacional de Trânsito equipara bicicletas elétricas às convencionais
Resolução n.º 465 do Contran estabelece uma série de requisitos para adequação do modelo
Heloisa Aruth Sturm
Aproveitando a onda da mobilidade sustentável e do incentivo ao uso de transportes alternativos nos centros urbanos, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) deu fim a uma polêmica que já dura mais de um ano e publicou, na última sexta-feira, uma norma que equipara as bicicletas elétricas às convencionais.
Mas, antes de sair pelas ciclovias com a sua motorizada, há uma série de requisitos que devem ser observados. O principal deles diz respeito aos equipamentos de segurança: capacete, faróis, campainha, espelhos retrovisores e velocímetro são de uso obrigatório.
Além disso, não é qualquer elétrica que foi equiparada à bicicleta comum. Apenas aquelas com potência de até 350 watts e acionamento do motor por meio do pedal ganharam esse privilégio. Por isso, se a sua bike tem o acelerador no guidão, será preciso adaptá-la para poder conduzi-la pela ciclovia.
Um dos modelos disponíveis no mercado já em acordo com a resolução 465 do Contran é a Holly, uma italiana com motor chinês que está sendo montada com alguns componentes nacionais em Balneário Camboriú (SC). Com potência de 250 watts e preço médio de R$ 2,8 mil, utiliza bateria de chumbo e suporta até 110 quilos.
Na Cia do Ciclista, loja de Porto Alegre que comercializa e-bikes há 10 anos, cerca de 70% a 80% dos clientes está acima de 55 anos. São pessoas que utilizam a bicicleta como meio de transporte para trabalhar em uma segunda fonte de renda, como venda de produtos e atendimento em domicílio. O uso da elétrica como lazer ocorre mais na região litorânea, durante o verão. Para Maria Rosinete Pereira, sócia da revenda especializada, a regulamentação poderá incentivar o lançamento de novos modelos e um maior desenvolvimento do setor.
— O uso da scooter elétrica criou toda essa polêmica. Para o nosso transporte de Porto Alegre, não tem como deixar só carro e moto. Tem que desafogar a nossa cidade. O ano de 2014 vai ser o ano da bike. E a bicicleta elétrica, no Sul, vai dar uma alavancada agora. Estou apostando bastante neste segmento — acredita Maria Rosinete.
E para quem acredita que não será possível a convivência harmoniosa entre as comuns e as elétricas pelas ciclovias da cidade, o empresário Vitor Marega Mörschbächer lembra uma regra de ouro que vale para qualquer atividade:
— Tudo é uma questão de educação. Assim como tem o mau motorista, tem o mau ciclista. Se cada um respeitar o seu limite, a coisa vai andar bem mais.
COMO É
Características da bicicleta elétrica
- O preço varia de R$ 2,5 mil a R$ 6,7 mil
- Dois tipos de bateria: a de chumbo, mais pesada, e a de lítio, que dura mais. O tempo médio de duração da bateria é de dois a três anos.
- Peso varia de 25 a 34 quilos, dependendo da bateria utilizada.
- Autonomia de até 40 quilômetros rodados por cada carga. Quanto mais potente o motor, menor será a autonomia. A duração da carga também pode variar de acordo com o terreno e o peso do ciclista.
- O tempo para fazer a recarga varia de quatro a seis horas. O ideal é não esperar esgotar a carga e recarregá-la pelo menos uma vez por semana, mesmo que o usuário não a utilize com frequência.
- Conforme regulamentação do Contran, a velocidade máxima permitida é de 6 km/h em área de circulação de pedestres e de 20 km/h em ciclovias e ciclofaixas.
- Não é permitido usar acelerador no guidão: o motor só pode funcionar por meio do pedal.
O CUSTO DA ADAPTAÇÃO
Itens para adequar a bike elétrica às novas regras
- Indicador de velocidade: R$ 45 a R$ 500
- Campainha: a partir de R$ 9
- Sinalização noturna dianteira, traseira e lateral: R$ 25 cada
- Espelhos retrovisores em ambos os lados: R$ 15 a R$ 30
- Capacete: R$ 45 a R$ 130
- Adaptação no guidão para impedir o uso do acelerador na mão e usar a assistência do motor só por meio do pedal: R$ 230 a R$ 250
VANTAGENS
- Não polui o meio ambiente.
- Não gera ruído.
- O custo, de R$ 0,01 por quilômetro rodado, é menor em relação a outros meios de transporte.
- O uso do pedal assistido também permite fazer atividade física.
- Alivia o trânsito, já que serve como meio de transporte.
DESVANTAGENS
- O preço ainda é alto. Apesar do quadro, do freio e do guidão serem de fabricação nacional, todos os componentes da parte elétrica são importados.
- A manutenção é cara em função da pequena escala, já que ainda há poucos consumidores.
Fontes: Contran, Maria Rosinete Pereira e Vitor Marega Mörschbächer (Cia do Ciclista)
Fonte: Zero Hora
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