quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Reprovação no exame para carteira de motorista é a maior em cinco anos


No primeiro semestre, quase 65% dos candidatos a tirar habilitação na categoria B não passaram no teste


Reprovação no exame para carteira de motorista é a maior em cinco anos Tadeu Vilani/Agencia RBS
Utilização dos simuladores de direção nas aulas ainda não deu resultado no índice de aprovaçãoFoto: Tadeu Vilani / Agencia RBS
índice de reprovação para os candidatos a motorista no Estado é o maior dos últimos cinco anos — período que consta na base de dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS). No primeiro semestre de 2014, 64,8% dos que fizeram o teste prático de direção na categoria B (carros) rodaram. Na comparação com 2009, representa um aumento de quase 10 pontos percentuais.

Entre as mulheres, o índice foi ainda mais alto até junho: 72,5% das candidatas rodaram no exame prático. Já os homens foram reprovados em pouco mais da metade dos testes, 51,8%.

Obrigatórios nas aulas de direção desde o início de 2014, os simuladores de direção ainda não mostraram resultado. O diretor institucional do Detran-RS, Adelto Rohr, lembra que seu uso só foi massificado a partir de maio, após reviravoltas de disputas judiciais.

— Acredito que veremos o resultado nos próximos meses. Os equipamentos serão capazes de melhorar a qualidade das aulas e de dar ao aluno, na hora das aulas práticas e da prova, muito mais segurança — aposta Rohr.

Pela lei, os alunos devem ter cinco aulas com o equipamento, que cria situações reais de momentos críticos em um cenário virtual, para depois passar para as 20 horas de aula prática com o veículos pela cidade. O novo processo temaumentado tanto o tempo médio para tirar a carteira de motorista (que passou de quatro para cinco meses) quanto o preço final (que foi acrescido de cerca de 15% no valor final).

Presidente do sindicato dos Centros de Formação de Condutores (CFCs), Edson Luis da Cunha, tem uma visão um pouco diferente dos impactos do novo equipamento. Para ele, a utilização dos simulares não reflete diretamente na aprovação dos alunos, mas tem potencial de qualificar o condutor que vai ocupar as ruas.

— Percebemos que há uma relação entre as infrações cometidas no simulador pelo condutor e a que ele vai praticar na rua. Como o simulador possibilita quantificar os erros, o instrutor vai para a aula prática mais preparado para corrigir as maiores deficiências daquele aluno — afirma Cunha.


Na avaliação do presidente do SindiCFC, a queda ano a ano do índice de aprovação da prova prática está atrelada a um conjunto de itens, como uma maior rigidez das provas e a própria renovação da equipe de examinadores. Além disso, aponta o "baixo custo da prova prática" como um dos catalisadores na hora de decidir fazer a prova — o valor final para tirar a CNH, atualmente, está em R$ 1.532,33 na categoria B.

— Como o preço é baixo, o aluno acaba arriscando mais e faz a prova sem estar preparado, consequentemente acaba rodando e aumento o índice de reprovação — supõe Cunha.

Diretor do departamento de Segurança Pública e Trânsito do Instituto dos Advogados (IARGS), André Luís Moura, concorda que a rigidez aumentou nos últimos anos, mas acredita que ela deveria ser ainda mais severa, tanto por parte dos CFCc, quanto do Detran e da sociedade como um todo.

— Seis condutores morrem por dia no Rio Grande do Sul. Se quem faz o trânsito é o condutor, tem alguma coisa errada aí, certo? — questiona Moura.

— Existe um certo relaxamento de quem instrui e de quem está fazendo a prova. Todos querem tirar alguma vantagem, burlar alguma etapa. Mas, no fim, o resultado aparece _ sugere o especialista.


Para o diretor do Detran, o fator psicológico é determinante na hora da prova. Ele aponta duas mudanças na legislação — em 2011, que criou novas regras para a profissão de examinador, e em 2013, com a obrigatoriedade dos simuladores — que teriam impactado em mais pressão no momento do teste. 

— Após essas mudanças a queda foi maior. O aluno sabe disso e acaba indo mais assustado para a prova, achando que vão cobrar coisas diferentes do que lhe foi ensinado, quando na verdade não — afirma Rohr.


Novas mudanças a caminho
Um projeto inovador prometido desde 2012, que deveria qualificar os exames práticos de direção no Estado, começa a sair do papel. A tríade — identificação dos alunos por biometria, gravação das aulas práticas e digitalização dos resultados das provas — ainda não tem data para estar 100% operando, mas começou a ser experimentada em maio deste ano.

De acordo com Rohr, como a licitação do projeto ficou deserta (sem interessados), ele foi desmembrado em três partes e está sendo tocado aos poucos.

— Já estamos testando a execução das provas com uso de tablets, o que deve acelerar os resultados e facilitar as consultas. Na sequência, vamos executar a biometria e depois a gravação em vídeo. Não posso dar prazos, porque dependemos das empresas e dos testes darem certo — esclarece. 

A iniciativa tem como objetivo dar transparência total ao processo. Além de padronizar os procedimentos dos examinadores e evitar fraudes, possibilitará ao candidato que entre com recurso em caso de discordância com o resultado.
Fonte: Zero Hora

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