sábado, 6 de abril de 2013


Sinaleiras emperram o trânsito em Porto Alegre

EPTC justifica que é preciso proteger a vida dos pedestres e disciplinar o tráfego de automóveis

Cantrais de controle verificam se fluxo está adequado<br /><b>Crédito: </b> André Ávila
Cantrais de controle verificam se fluxo está adequado
Crédito: André Ávila
Além das inúmeras obras viárias em curso em Porto Alegre que alteram a rotina do trânsito em diversos bairros da Capital, os motoristas porto-alegrenses têm reclamado do tempo dos semáforos. Para alguns condutores, existe um excesso de sinaleiras que prejudicam a circulação dos veículos e a consequência do 'para e anda' é o aumento dos congestionamentos. Entretanto, um outro grupo afirma que a presença dos semáforos ajuda a proteger a vida dos pedestres e a disciplinar o tráfego.

O diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Vanderlei Cappellari, ressalta que a Capital possui 1.054 cruzamentos com sinaleiras que são fundamentais para a proteção do pedestre e a circulação de uma frota que passa dos 800 mil automóveis. "Se fôssemos atender a todos os pedidos que diariamente chegam à empresa, teríamos mais de 2 mil cruzamentos com sinaleiras. O cidadão quer uma via segura, principalmente perto de escolas e universidades", comenta. Segundo Cappellari, nas reuniões comunitárias realizadas pela prefeitura em bairros das zonas Sul, Norte e Leste, a principal reivindicação dos moradores à empresa diz respeito à colocação de semáforos como forma de diminuir o excesso de velocidade.

"O atropelamento é hoje a principal causa de morte no trânsito da Capital, e a proteção do pedestre ocorre com a colocação de sinaleiras ou lombadas físicas ou eletrônicas para reduzir a velocidade nos pontos de travessia de pedestres", acrescenta. Cappellari reconhece que o semáforo prejudica a circulação de carros, mas afirma que o equipamento é necessário para a gestão e distribuição do tempo nas ruas e avenidas da cidade. Segundo ele, constantemente a área técnica da EPTC atualiza os volumes de fluxo de automóveis e realiza contagem para verificar se o tempo implantado, por exemplo, nas avenidas Ipiranga, Nilo Peçanha ou Padre Cacique, é o adequado para a via.

Cappellari afirma que Porto Alegre possui uma das mais modernas centrais de controle e operação de sinaleiras do país. "Essa modernidade possibilitou a colocação de semáforos em todas as rotatórias e terminamos com o problema de congestionamentos e acidentes nesses locais", explica. Segundo ele, a Nilo Peçanha é o melhor exemplo de que a colocação de semáforos melhorou a circulação de carros. "Era um local de conflito porque o fluxo de automóveis era muito grande e os veículos que vinham das ruas Carazinho e Carlos Trein Filho quase não conseguiam entrar na rótula. Isso resultava em acidentes porque os motoristas não queriam esperar um minuto parados", diz. O semáforo colocado na região, segundo a EPTC, resultou em uma fluidez do trânsito e acabou com os congestionamento que eram históricos na região.

Outra reclamação dos motoristas diz respeito à III Perimetral. Cappellari aponta que, com a construção dos viadutos, boa parte dos semáforos será retirada da via, que, com 12 quilômetros de extensão, liga o Norte ao Sul.

Faltam vias expressas

Os congestionamentos ocorrem no trânsito de Porto Alegre porque existem gargalos pontuais em praticamente todos os bairros da cidade e uma infinidade de vias de mão única que são "verdadeiras armadilhas" para os motoristas. A opinião é do consultor de Engenharia de Trânsito, engenheiro civil Mauri Panitz. "Existe uma rede viária boa, mas incompleta, porque não temos vias expressas que permitam o trânsito rápido, sem a interferência de semáforos e cruzamentos", acrescenta.

Panitz acredita que parte dos problemas seria resolvida com a construção de pequenos viadutos em cruzamentos de maior movimento, como é o caso da III Perimetral. "Foi projetada para ser uma via expressa e hoje possui cerca de 80 semáforos", revela. Segundo Panitz, o erro da III Perimetral é a colocação do corredor de ônibus no centro da via. "São dois semáforos, um para cada sentido, que prejudicam a circulação na região", assinala.

De acordo com o engenheiro, 50% das sinaleiras da via são destinadas às estações de ônibus e 50% aos cruzamentos, o que acaba por resultar em uma circulação de veículos lenta e a formação de congestionamentos, principalmente nos horários de pico. Conforme Panitz, a III Perimetral teria mais fluidez e, por consequência, menos sinaleiras se os ônibus, ao invés de circularem pelos corredores, encostassem nas calçadas para embarque e desembarque. "Os corredores resultariam em duas pistas que poderiam ser utilizadas pelos veículos e ocorreria uma diminuição dos congestionamentos na região", projeta.

Taxistas opinam


O presidente do Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintáxi), Luiz Nozari, afirma que Porto Alegre deixou de ser a cidade sorriso para ser a cidade das sinaleiras. Ele critica o fato de os técnicos da EPTC "virarem as costas para a sociedade". "A instalação do equipamento tem de ser precedida de um estudo técnico. Então, por que não pedir a opinião de quem está no dia a dia do trânsito, como é caso dos taxistas?", questiona.

De acordo com Nozari, somente agora é avaliada a possibilidade de construção de viadutos na III Perimetral para eliminar as sinaleiras. "São obras que deveriam ter sido construídas há pelo menos duas décadas, e não agora correr contra o tempo em função da Copa do Mundo." O taxista João Rodrigues Machado diz que a cidade possui muitas sinaleiras, mas as acha necessárias para preservação da vida de pedestres e controlar os motoristas que não respeitam as leis de trânsito. Para Ricardo Andrade, também taxista, teria de ocorrer a redução imediata das sinaleiras na III Perimetral. "Foi projetada para ser rápido e hoje vive congestionada pelo excesso de semáforos."

Fonte: Correio do Povo

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