quarta-feira, 10 de abril de 2013


Vítimas de trânsito contam sobre a recuperação dos traumas e sequelas

Mudanças na vida dos acidentados podem ser permanentes.
Dados do Dpvat apontam que 66% das pessoas ficam inválidas.


A série de reportagem “Guerra no Trânsito”, exibida pela TV TEM, mostrou que as vítimas precisam de tratamentos físicos e psicológicos. De acordo com os especialistas, a recuperação dos acidentados geralmente é demorada e dolorida.
Em muitos casos a vítima consegue se recuperar, porém, em alguns casos os traumas são permanentes e muitas pessoas precisam se adaptar a uma nova realidade de limitações. Ter uma perna amputada, ficar paraplégico, tetraplégico, por exemplo, são sequelas que mudam a vida de quem sofreu o acidente e todos ao seu redor.
Dados do Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (Dpvat), apontam que 66% das pessoas que se acidentam ficam inválidas para sempre. A psicóloga de Itapetininga (SP), Júlia Válio, explica que em casos extremos como estes, o acidentado precisa entender a nova condição. “A vítima precisa aceitar a ajuda de uma equipe, e que entender que precisa ser cuidada. Precisa aceitar os fisioterapeutas, os psicólogos e os médicos que possam dar um suporte para que viva com mais qualidade de vida, para que viva com mais prazer. Aceitar que há uma necessidade de querer viver, e não se entregar”, afirma.
Psicológa Júlia Válio explica sobre como a vida das vítimas de acidente muda (Foto: Caio Silveira/G1)Psicológa Júlia Válio explica sobre como a vida das
vítimas de acidente muda (Foto: Caio Silveira/G1)
A psicóloga conta também que a rotina da vítima e dos familiares que moram com ela muda após o acidente. Segundo a especialista, é preciso paciência dos dois lados para seguir da melhor maneira possível. “Antes era uma vida totalmente normal, mas que ninguém dava conta. Já após o acidente a pessoa vê que, de repente, precisa de tudo, de ajuda, de um auxilio pra se locomover num curto espaço, então muda muito essa rotina, tanto de quem sofreu o acidente quanto dos familiares”, reflete.
E quando se pensa em ajuda dos familiares, uma pessoa essencial nessa hora são as mães. Maria de Lurdes Fonseca dos Santos, mãe de Thatiane que sofreu um acidente em dezembro, conta sobre como ajudou a recuperação da filha: “Até agora ainda tem que ajudar ela a levantar, mas antes era preciso até mudar o lado em que ela estava deitada. Ficou parecendo um nenê”, brinca.
A filha de dona Maria, a comerciante Thatiane Fonseca Bicudo, sobreviveu sem sequelas por um milagre, disseram os médicos. A jovem de 22 anos passou 12 dias no hospital depois de capotar o carro em uma rodovia. Dois meses depois, a única marca visível que ficou foi uma cicatriz na coluna lombar de uma cirurgia para implantação de 5 pinos. Ela conta que esperar o tempo passar para retornar à sua paixão, pedalar. “Eu estou fazendo de tudo, às vezes eu sinto um pouco de dor, mas aí eu descanso, deito. E pra pedalar, que era minha preocupação ele me deu seis meses. Então daqui a 5 meses eu já estou voltando”, afirma.
Thatiane Fonseca Bicudo precisou do auxílio da mãe para se recuperar do acidente (Foto: Reprodução/TV TEM)Thatiane Fonseca Bicudo precisou do auxílio da mãe para se recuperar do acidente (Foto: Reprodução/TV TEM)
Outra vitima dos acidentes, a auxiliar de enfermagem Valéria Rosa Cisterna, vai ter que esperar um pouco mais na recuperação para voltar a sua rotina normal. Cisterna foi atropelada em outubro de 2012, quando estava saindo de uma padaria no centro de Itapetininga. Segundo ela, depois da batia já não sentia mais a perna: “Eu sentia que a perna não mexia, mas eu fiquei bem consciente, eu não perdi a consciência de forma alguma”, diz.
Valéria Rosa Cisterna precisa das sessões de fisioterapia para voltar as atividades normais (Foto: Reprodução/TV TEM)Valéria Rosa Cisterna faz sessões de fisioterapia
(Foto: Reprodução/TV TEM)
Em janeiro ela pôde sair da cama e se equilibrar nas muletas para ir até a fisioterapia. Agora o tratamento com uma equipe de profissionais segue até junho. De acordo com o fisioterapeuta Wedney Prado, que cuida de pacientes do trânsito, atualmente a medicina oferece diversas oportunidades para uma qualidade de vida melhor. “Dentro de um processo de reabilitação física a gente pode englobar desde a parte de fisioterapia convencional à hidroterapia, à ecoterapia, enfim, existe um leque de ferramentas hoje que a pessoa tenha uma qualidade de vida melhor”, conta.
Porém todo esse tratamento e recuperação necessários possuem um custo muito alto. Segundo dados do Ministério da Saúde, o perfil dos acidentados mostra que o Brasil vai ter uma geração de jovens aposentados por invalidez, já que a maioria é economicamente ativa, entre 18 e 44 anos. Os dados apontam que as fatalidades no trânsito também são em maior número entre os jovens: mais de 45% do total.
De acordo com o ortopedista Jaime Rodrigues os acidentes de trânsito causam uma parada de atividade que prejudica toda a estrutura financeira familiar. “Fora o trauma e o drama familiar, o acidente causa um problema de sustento. Existe a parada da atividade por um período quando chega a necessidade de cirurgia por 90 ou até 180 dias sem trabalhar. Além disso, há o custo muito alto com tratamento, cirurgias, e com a recuperação da pessoa”, explica.
motocicleta (Foto: Reprodução/TV TEM)Acidentes de trânsito podem mudar a vida e a história de uma família (Foto: Reprodução/TV TEM
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Fonte: G1

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