terça-feira, 26 de junho de 2012

Carteira para moto: "Permissão para Morrer"

No ano de 2002 em audiência com então diretor técnico do Detran/RS, Cel. João Batista Hoffmeister, propomos a alteração da legislação que regulamenta a parte do processo de aprendizagem dos centros de formação de condutores.
Desde a entrada do Código de Trânsito Brasileiro, apesar de haver poucas estatísticas anteriores, percebíamos o crescimento do número de vítimas com motocicletas, com os demais veículos. E cada ano este dado aumentava num percentual acima dos 40%.
Até aquele ano a resolução 50/98 que regia o processo de aprendizagem, proibia as aulas práticas de motocicletas em vias públicas. A partir das resoluções 168/04 e 169/04, corrigidas pela 285/08, tornou-se obrigatório conforme inciso abaixo grafado. Mas esta estas aulas nunca vigoraram no estado do Rio Grande do Sul, sob a alegação de segurança do aluno, instrutor e demais participantes do trânsito.



1.2 CURSO DE PRÁTICA DE DIREÇÃO VEICULAR 
1.2.1 Carga Horária Total: 20 (vinte) horas aula para cada categoria pretendida. 
1.2.2 Estrutura curricular 
1.2.2.1 Para veículos de quatro ou mais rodas: 
- O veículo: funcionamento, equipamentos obrigatórios e sistemas; 
- Prática na via pública, urbana e rural: direção defensiva, normas de circulação e conduta, parada e 
estacionamento, observância da sinalização  e comunicação; 
- Os pedestres, os ciclistas e demais atores do processo de circulação; 
- Os cuidados com o condutor motociclista. 
1.2.2.2 Para veículos de duas rodas: - Normas e cuidados antes do funcionamento do veículo; 
- O veículo: funcionamento, equipamentos obrigatórios e sistemas; 
- Prática de pilotagem defensiva, normas de circulação e conduta, parada e estacionamento, observância da 
sinalização e comunicação: 
  a) em área de treinamento específico, até o pleno domínio do veículo; 
  b) em  via pública, urbana e rural, em prática monitorada. 
- Os pedestres, os ciclistas e demais atores do processo de circulação; 
- Cuidados na condução de passageiro e cargas; 
- Situações de risco: ultrapassagem, derrapagem, obstáculos na pista, cruzamentos e curvas, frenagem normal e 
de emergência. 
1.3 DISPOSIÇÕES GERAIS 
-  Considera-se hora/aula o período igual a 50 (cinqüenta) minutos. 
- O candidato deverá realizar a prática de direção veicular, mesmo em condições climáticas adversas tais como: 
chuva, frio, nevoeiro, noite, dentre outras, que constam do conteúdo programático do curso. 


O mesmo entendimento de segurança que o Detran/RS tinha na época e, que continua até hoje compartilhávamos, por entender que a busca de segurança não poderia criar novas inseguranças. Por este motivo, sugerimos que fosse feita a alteração, mas utilizando veículos apropriados como os da foto abaixo.


Resumidamente, o projeto entregue na época ao então diretor técnico do Detran, propunha que as aulas práticas iniciassem em pista fechada, como já ocorria, trabalhando o equilíbrio e domínio do veículo pelo candidato e, quando o aluno estivesse apto, de acordo com a avaliação do instrutor, passasse a utilizar o motocar em vias públicas, para que o mesmo pudesse a desenvolver as situações de trânsito.
Entendiamos como inconcebível  limitarmos um condutor de motocicleta em uma pista fechada. Com esta prática estaremos contribuindo com este morticínio e, ao final do curso entregaremos uma ao invés de uma permissão para dirigir, uma "Permissão para Morrer".
Após algumas semanas, recebi um oficio do Cel. João Batista, indeferindo o projeto sob alegação de que o Detran não mantinha recursos para a aquisição dos veículos propostos. Em 2008 com a "Operação Rodin", que descobriu o esquema de fraudes no Detran, não só provou que havia recursos, como que também vinham sendo desviados.
Temos esperança que, entre as alterações relatadas na matéria abaixo reproduzida, que o ilustre diretor técnico, sr. Ildo Mário Szinvelski, esteja uma proposta similar. Precisamos buscar soluções rápidas para esta epidemia que vem aumentando dia a dia. Segundo estatísticas recentes, o número de vítimas de condutores e caroneiros de motocicletas e similares, aproximasse das vítimas de atropelamentos, que sempre foi a parte mais frágil no trânsito.
Dê sua opinião. Se cada um de nós nos indignarmos com esta situação, mais rápido será a solução. Lembrem que além da perda pessoal, proporcionamos uma verdadeira sangria dos cofres públicos com recursos para as vítimas. Estamos na casa dos bilhões de reais, que poderiam ser destinados a prevenção de outras doenças.
Só não se iludam que a mudança não vem da Lei, mas sim na mudança de ATITUDE de cada um de nós!


Até a próxima! 



Em acidentes fatais, 27% dos motociclistas não têm habilitação

Estatísticas revelam irresponsabilidade de condutores de motos envolvidos em acidentes

Já se sabia que o alto índice de mortos e feridos em acidentes com motos decorria da situação de desproteção de quem está sobre duas rodas. Mas uma pesquisa recém-concluída pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS) revela que há outro importante fator envolvido: a irresponsabilidade dos motociclistas.
Conforme o Mapa da Acidentalidade Estadual com Foco em Motocicletas, dos 2.452 condutores de moto que se envolveram em acidentes fatais entre 2007 e 2010, 27% não tinham habilitação. A falta de carteira foi a terceira infração mais cometida por motociclistas de 2007 até o ano passado, com 36,3 mil casos. Entre os motoristas de automóveis, essa é apenas a nona infração mais comum.
As estatísticas sugerem, ainda, que muitos dos pilotos sequer têm idade para se habilitar. Entre 2007 e 2008, 138 adolescentes com idade entre 15 e 17 anos morreram em acidentes envolvendo motos – 82 estavam ao guidão. De janeiro a maio de 2012, 29% dos mortos do trânsito gaúcho estavam sobre uma moto.
– Está faltando consciência e responsabilidade – afirma Ildo Mário Szinvelski, diretor-técnico do Detran/RS.
Mais óbitos nos finais de semana
Um dos principais agravantes é a facilidade para comprar uma moto – hoje é possível dividir o custo em 60 vezes, com parcelas que, para muitos, significam menos do que o gasto mensal em passagem de ônibus.
– Está tão barato que até menores de idade estão comprando. No meio rural, os gaúchos estão trocando o cavalo pela moto – observa João Fortini Albano, professor do Laboratório de Sistemas de Transportes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
O estudo mostra que metade das mortes atinge pessoas com menos de 30 anos – especialmente na faixa dos 18 aos 24. Os óbitos ocorrem mais à noite e nos fins de semana.
Segundo Szinvelski, o Detran tem trabalhado com Centros de Formação de Condutores para reforçar a educação dos candidatos a motociclista. O órgão também elaborou, com o Sindicato dos Motociclistas Profissionais (Sindimoto), uma cartilha com dicas de segurança. Entre 2009 e 2011, o SUS pagou a internação de 3.534 motociclistas gaúchos feridos em acidentes. A conta foi de R$ 4,8 milhões.
Detran irá propor mudança na formação
O Detran gaúcho vai apresentar, no próximo mês, um conjunto de propostas para mudar a legislação brasileira que rege a formação e a habilitação dos condutores de motos. A intenção é mexer no Código de Trânsito Brasileiro e em resoluções do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) para preparar melhor os condutores.Técnicos do departamento estão concluindo o estudo, motivado pelas estatísticas envolvendo motociclistas. As propostas serão oficializadas no encontro da Associação Nacional dos Detrans, na Capital, em julho.
O diretor-técnico do órgão, Ildo Mário Szinvelski, não detalha que alterações serão sugeridas, mas antecipa que elas incidirão sobre questões como aulas práticas e ampliação de carga horária.
– Os números apontam que é preciso qualificar os condutores. Precisamos de um reposicionamento pedagógico – afirma.
A formação de motociclistas é considerada deficiente por especialistas. Uma das críticas é sobre a falta de aulas nas ruas. Para a vice-presidente da Associação dos Motociclistas do Rio Grande do Sul, Lorena Herte de Moraes, a formação é inferior à que se dá a motoristas de carros – apesar de a moto deixar o condutor mais vulnerável:
– As aulas não preparam para as situações que serão encontradas. Minha filha acabou de tirar a carteira para moto e não tenho coragem de deixá-la andar sem um curso de pilotagem.
Fonte: ZERO HORA

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