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Quase 29 mil motoristas no RS têm direito de dirigir suspenso Crédito: Vinicius Roratto |
Quase 29 mil condutores estão com o direito de dirigir suspenso no Rio Grande do Sul. De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran/RS), cerca de 14,4 mil podem estar conduzindo sem habilitação, já que o prazo para a entrega da carteira venceu. De acordo com o Código Nacional de Trânsito, todas as irregularidades geram pontos e contribuem para a possibilidade de retirada do documento. Segundo o diretor-presidente do Detran/RS, Alessandro Barcellos, se forem comparados os primeiros quatro meses dos últimos dois anos, mais do que dobrou a abertura de processos de suspensão de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs). No primeiro quadrimestre de 2010, foram 5.225. Já em 2011, o número chegou a 9.058 e, em 2012, 12.755. “Foi um salto importante, porque aumentamos a fiscalização”, afirma.
Barcellos ressalta a importância do rigor na fiscalização para diminuir o número de acidentes. “Quando conseguimos fazer com que o comportamento das pessoas mude, estamos salvando várias vidas”, destaca. Ele informa que, de 2010 para 2011, as mortes no trânsito foram reduzidas em 6,25% no RS. Na comparação do primeiro quadrimestre de 2011 com o de 2012, a queda fica entre 5% e 6%.
No ano passado, foi deflagrada uma operação com a Brigada Militar para o recolhimento de CNHs suspensas, as quais não haviam sido entregues. A ação, conforme Barcellos, incentivou muitos motoristas a devolver o documento espontaneamente. Uma mudança na instauração de procedimentos também otimizou o trabalho e contribuiu para o aumento de apreensões. “Melhoramos os fluxos internos, investindo em tecnologia e no sistema operacional”, explica.
O Detran/RS tem buscado a integração com órgãos fiscalizadores dos governos municipais, estadual e federal. “As ações otimizam os recursos existentes e buscam enfrentar os problemas de forma mais organizada”, comenta o diretor. Ele diz que as abordagens da Operação Viagem Segura nas estradas gaúchas passaram de 1 milhão desde novembro do ano passado.
A maior parte das infrações registradas em 2011 foi por causa do uso de álcool (17.219) e excesso de velocidade (15.322). Os homens são os campeões, representando 77,4% do total no Estado em 2011. Já a faixa etária com maior concentração é de 26 a 35 anos (27%). Do total de condutores punidos no ano passado, mais de 9,5 mil entraram com pedido de defesa, 6,1 mil com recurso de primeira instância e 3,5 mil de segunda instância.
Dificuldades para cumprir medidas O condutor com maior pontuação na CNH atualmente no Estado é um homem de 55 anos. O Detran/RS não divulgou a cidade, nem o modelo de carro que ele dirige, mas informou que o motorista tem 10 pontos confirmados e 65 aguardando verificação. Dependendo do julgamento, ele pode perder a habilitação. Além disso, o homem tem 23 processos ativos e cinco encerrados.
Esse título, um motorista de Porto Alegre, de 39 anos – que pediu para não ser identificado — não quer carregar. No entanto, ele está bem próximo do campeão do Rio Grande do Sul. O homem já perdeu a conta de quantas multas recebeu e registra cerca de 70 pontos na CNH. “A maioria foi por excesso de velocidade e por falar ao telefone”, comenta. O direito de dirigir foi suspenso por dois meses no ano passado por um desses motivos. “Estava em uma rodovia federal a 82 km/h por hora, mas, em um trecho, o limite era de 40 km/h e eu não sabia”, conta. Como trabalha com o carro fazendo eventos, acabou não entregando o documento às autoridades e segue conduzindo na Capital e no Interior. “Por causa disso, teria que fazer o curso de novo e não acho justo”, observa. O motorista nunca recorreu às penalidades que recebeu. “Não adianta, só vou pagando”, diz.
Quem perdeu a CNH por ter mais de 20 pontos precisa ficar sem dirigir por um período determinado, conforme a infração e fazer um curso de reciclagem, além de prova. O mesmo ocorre com os que ultrapassaram o limite de velocidade em mais de 50%. Nos casos de documentos cassados, quando o motorista é flagrado dirigindo com a CNH suspensa, ele deveria realizar todo o processo de obtenção do direito de conduzir desde o início. A medida, porém, não está sendo cumprida no Rio Grande do Sul por falta de recursos humanos e tecnológicos. Conforme a Companhia de Processamento de Dados do Estado (Procergs), um programa já está sendo desenvolvido para que a medida possa ser colocada em prática.
Fonte: Karina Reif / Correio do Povo
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