segunda-feira, 11 de junho de 2012

Quase 29 mil motoristas no RS têm direito de dirigir suspenso

De acordo com Detran, 14,4 mil podem estar trafegando de forma irregular

Quase 29 mil motoristas no RS têm direito de dirigir suspenso  <br /><b>Crédito: </b> Vinicius Roratto
Quase 29 mil motoristas no RS têm direito de dirigir suspenso
Crédito: Vinicius Roratto
Quase 29 mil condutores estão com o direito de dirigir suspenso no Rio Grande do Sul. De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran/RS), cerca de 14,4 mil podem estar conduzindo sem habilitação, já que o prazo para a entrega da carteira venceu. De acordo com o Código Nacional de Trânsito, todas as irregularidades geram pontos e contribuem para a possibilidade de retirada do documento. Segundo o diretor-presidente do Detran/RS, Alessandro Barcellos, se forem comparados os primeiros quatro meses dos últimos dois anos, mais do que dobrou a abertura de processos de suspensão de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs). No primeiro quadrimestre de 2010, foram 5.225. Já em 2011, o número chegou a 9.058 e, em 2012, 12.755. “Foi um salto importante, porque aumentamos a fiscalização”, afirma.

Barcellos ressalta a importância do rigor na fiscalização para diminuir o número de acidentes. “Quando conseguimos fazer com que o comportamento das pessoas mude, estamos salvando várias vidas”, destaca. Ele informa que, de 2010 para 2011, as mortes no trânsito foram reduzidas em 6,25% no RS. Na comparação do primeiro quadrimestre de 2011 com o de 2012, a queda fica entre 5% e 6%.

No ano passado, foi deflagrada uma operação com a Brigada Militar para o recolhimento de CNHs suspensas, as quais não haviam sido entregues. A ação, conforme Barcellos, incentivou muitos motoristas a devolver o documento espontaneamente. Uma mudança na instauração de procedimentos também otimizou o trabalho e contribuiu para o aumento de apreensões. “Melhoramos os fluxos internos, investindo em tecnologia e no sistema operacional”, explica.

O Detran/RS tem buscado a integração com órgãos fiscalizadores dos governos municipais, estadual e federal. “As ações otimizam os recursos existentes e buscam enfrentar os problemas de forma mais organizada”, comenta o diretor. Ele diz que as abordagens da Operação Viagem Segura nas estradas gaúchas passaram de 1 milhão desde novembro do ano passado.

A maior parte das infrações registradas em 2011 foi por causa do uso de álcool (17.219) e excesso de velocidade (15.322). Os homens são os campeões, representando 77,4% do total no Estado em 2011. Já a faixa etária com maior concentração é de 26 a 35 anos (27%). Do total de condutores punidos no ano passado, mais de 9,5 mil entraram com pedido de defesa, 6,1 mil com recurso de primeira instância e 3,5 mil de segunda instância.

Dificuldades para cumprir medidas
O condutor com maior pontuação na CNH atualmente no Estado é um homem de 55 anos. O Detran/RS não divulgou a cidade, nem o modelo de carro que ele dirige, mas informou que o motorista tem 10 pontos confirmados e 65 aguardando verificação. Dependendo do julgamento, ele pode perder a habilitação. Além disso, o homem tem 23 processos ativos e cinco encerrados.

Esse título, um motorista de Porto Alegre, de 39 anos – que pediu para não ser identificado — não quer carregar. No entanto, ele está bem próximo do campeão do Rio Grande do Sul. O homem já perdeu a conta de quantas multas recebeu e registra cerca de 70 pontos na CNH. “A maioria foi por excesso de velocidade e por falar ao telefone”, comenta. O direito de dirigir foi suspenso por dois meses no ano passado por um desses motivos. “Estava em uma rodovia federal a 82 km/h por hora, mas, em um trecho, o limite era de 40 km/h e eu não sabia”, conta. Como trabalha com o carro fazendo eventos, acabou não entregando o documento às autoridades e segue conduzindo na Capital e no Interior. “Por causa disso, teria que fazer o curso de novo e não acho justo”, observa. O motorista nunca recorreu às penalidades que recebeu. “Não adianta, só vou pagando”, diz.

Quem perdeu a CNH por ter mais de 20 pontos precisa ficar sem dirigir por um período determinado, conforme a infração e fazer um curso de reciclagem, além de prova. O mesmo ocorre com os que ultrapassaram o limite de velocidade em mais de 50%. Nos casos de documentos cassados, quando o motorista é flagrado dirigindo com a CNH suspensa, ele deveria realizar todo o processo de obtenção do direito de conduzir desde o início. A medida, porém, não está sendo cumprida no Rio Grande do Sul por falta de recursos humanos e tecnológicos. Conforme a Companhia de Processamento de Dados do Estado (Procergs), um programa já está sendo desenvolvido para que a medida possa ser colocada em prática.



Fonte: Karina Reif / Correio do Povo

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